CANÇÃO DO AMOR IMPREVISTO
Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.
Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada,
Com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos...
E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreender
nada, numa alegria atônita...
A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos.
Mario Quintana
terça-feira, 30 de março de 2010
Nunca fui como todos
Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...
Florbela Espanca
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...
Florbela Espanca
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Jogar Capoeira ... Gostinho de Saudade-By Juciane
Sempre gostei de jogar capoeira... Alguns consideram um esporte de marginais, outros confundem o esporte com o Candomblé...E no fundo não tem nada a ver com isso!
Capoeira é arte, capoeira é o sorriso fácil, é a beleza de ver o corpo voar pelo ar sobre o seu domínio, capoeira é ouvir a música e olhar nos olhos dos amigos, capoeira tem ligação direta com seu próprio corpo e se conhecer...
Hoje ao ver velhos amigos reunidos para brincar, soubemos que os anos passaram, que crescemos, amadurecemos, mas que o amor pelo esporte permanece... continuamos a gostar de suar a camisa e saber que o tempo passou para nós, mas não em nossos corações...
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
O Amor Descoberto
O Amor Descoberto
Cerrada era a noite, quando
Teus olhos beijei, falando:
“Isto pode ver alguém
Mais que as estrelas d’álem?
Pois de linda estrela, o ciúme
Nos havia de perder!
Lá do céu – cadente lume –
Ela ao mar o foi dizer.
E, entre sorrisos de espuma,
A um remo as ondas do mar
Buscaram, uma por uma,
Para o caso lhe contar.
O remo tudo passou
Ao barqueiro , sem demora,
E este ( que a casa chegou
Antes de romper d’aurora ),
Apenas o sol fugiu,
Quanto a estrela do alto viu
À mulher disse lampeiro...
Logo o soube o mundo inteiro!
(Trad. do grego por Alberto de Faria)
(Anacreonte [Aprox. 560 – 478 A.C.])
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
A Dor - Augusto dos Anjos
Chama-se a Dor, e quando passa, enluta
E todo mundo que por ela passa
Há de beber a taça da cicuta
E há de beber até o fim da taça!
Há de beber, enxuto o olhar, enxuta
A face, e o travo há de sentir, e a ameaça
Amarga dessa desgraçada fruta
Que é a fruta amargosa da Desgraça!
E quando o mundo todo paralisa
E quando a multidão toda agoniza,
Ela, inda altiva, ela, inda o olhar sereno
De agonizante multidão rodeada,
Derrama em cada boca envenenada
Mais uma gota do fatal veneno!
E todo mundo que por ela passa
Há de beber a taça da cicuta
E há de beber até o fim da taça!
Há de beber, enxuto o olhar, enxuta
A face, e o travo há de sentir, e a ameaça
Amarga dessa desgraçada fruta
Que é a fruta amargosa da Desgraça!
E quando o mundo todo paralisa
E quando a multidão toda agoniza,
Ela, inda altiva, ela, inda o olhar sereno
De agonizante multidão rodeada,
Derrama em cada boca envenenada
Mais uma gota do fatal veneno!
sábado, 9 de janeiro de 2010
Dois amantes... (Pablo Neruda)
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Garden at Sainte-Adresse, 1867 - Claude Monet
Sua presença enchia todos os lugares onde você estivesse.
Havia na sua presença a minha completitude,
Havia no seu olhar a minha redenção.
E tudo foi sendo resumido a espera, as horas que passavam
E noites que passei em claro, ti esperando, aguardando, sabendo que você viria.
A sua ausência foi crescendo dentro de mim.
E sentir sua falta, algo que não suportava mais...
Hoje sei que vivo da sua ausência e sofro sem amanhã...
The River, Bennecourt. Claudet Monet
Nas águas do rio vi o sonho, vi a vida...
Na música trazida pelo vento ouvi seu doce nome.
Nas folhas das árvores vi seu olhar...
Tudo e nada me falavam de você
E calada sorri...
Fiquei a olhar o horizonte imaginando...
Sonhando, desejando, querendo...
Que sonhos se realizassem, desejos satisfeitos
E querendo você...Como nunca quis alguém.
Esperar, doce tortura que o tempo teima em apagar,
E quando penso que já ti esqueci
Basta simplesmente fechar os olhos
E vejo você, dentro de mim...
As vezes estendo as mãos no vazio
e sorrindo imagino que toco as suas.
Que olho dentro dos teus olhos
E sinto que tremo, diante do teu olhar.
Sei que há vários obstáculos
Sei que há, pois sempre há algo...
Mas ficarei a ti esperar
Na outra margem do rio.
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Saudades...
Saudades
Me entreguei demais
não pensei no ontem
nem mesmo no depois
para mim o que contava , era estarmos juntos
fizemos de tudo para acontecer , fomos únicos , sendo nós dois
um sorriso nos lábios
abraços se tornaram palavras gestos e carinhos
acompanhando os seus passos me perdi no som da sua voz
e agora?
pergunto ao meu coração
será que a música acabou ?
não sinto a quentura dos seus lábios
nem mas o toque de suas mãos
dos quais me faziam parar de respirar
dos quais me levavam á uma outra dimensão
e agora quando me olho no espelho , vejo imagens tristes e serenas
a solidão em mim já se tornou amiga
procuro a razão de tanto amar e não encontro respostas
pois talves estejam perdidas
por noites e dias a fim , agora me encontro desesperada
triste e angustiada , sem aquele que um dia me fez feliz !!!
Desejo Amante
Desejo Amante
Elmano, de teus mimos anelante,
Elmano em te admirar, meu bem, não erra;
Incomparáveis dons tua alma encerra,
Ornam mil perfeições o teu semblante:
Granjeias sem vontade a cada instante
Claros triunfos na amorosa guerra:
Tesouro que do Céu vieste à Terra,
Não precisas dos olhos de um amante.
Oh!, se eu pudesse, Amor, oh!, se eu pudesse
Cumprir meu gosto! Se em altar sublime
Os incensos de Jove a Lília desse!
Folgara o coração quanto se oprime;
E a Razão, que os excessos aborrece,
Notando a causa, revelara o crime.
Bocage
Invocação à Noite - BOCAGE
Invocação à Noite
Ó deusa, que proteges dos amantes
O destro furto, o crime deleitoso,
Abafa com teu manto pavoroso
Os importantes astros vigilantes:
Quero adoçar meus lábios anelantes
No seio de Ritália melindroso;
Estorva que os maus olhos do invejoso
Turbem d'amor os sôfregos instantes:
Tétis formosa, tal encanto inspire
Ao namorado Sol teu níveo rosto,
Que nunca de teus braços se retire!
Tarda ao menos o carro à Noite oposto,
Até que eu desfaleça, até que expire
Nas ternas ânsias, no inefável gosto.
Bocage
Olavo Bilac
Via Láctea
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso"! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora! "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las:
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".
Olavo Bilac
Ao coração que sofre, separado
Do teu, no exílio em que a chorar me vejo,
Não basta o afeto simples e sagrado
Com que das desventuras me protejo.
Não me basta saber que sou amado,
Nem só desejo o teu amor: desejo
Ter nos braços teu corpo delicado,
Ter na boca a doçura de teu beijo.
E as justas ambições que me consomem
Não me envergonham: pois maior baixeza
Não há que a terra pelo céu trocar;
E mais eleva o coração de um homem
Ser de homem sempre e, na maior pureza,
Ficar na terra e humanamente amar.
Olavo Bilac
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